Empresária de turismo do Rio Grande do Sul acionou a Justiça de Dourados para liberar um dos ônibus da Euro Tur apreendidos pela Polícia Federal no dia 21 de janeiro, durante a Operação Viagem Santa, deflagrada para desarticular suposto esquema de tráfico de drogas em viagens para transporte de fiéis ao interior de São Paulo.
No pedido de providência distribuído à 2ª Vara Criminal da comarca na terça-feira (2), ela argumenta ter havido “indevidamente bloqueio de bem de terceiro de boa-fé, onde há documentos hábeis a comprovar a compra e venda de veículo usado”.
Segundo a empresária, um ônibus Scania/MPOLO ano e modelo 2018 foi comprado da empresa douradense em outubro de 2020 por R$ 450 mil. A negociação resultou no pagamento de entrada de R$ 50 mil por transferência bancária no dia 28 daquele mesmo mês, R$ 220 mil em espécie no dia 16 de novembro, R$ 100 mil por outra transferência em 1 de dezembro, e R$ 80 mil no dia 5 passado.
“A compradora, ora embargante, assumiu as demais parcelas do financiamento, no total de 60 parcelas de R$ 7.394,05. É o que se nota pelo instrumento particular de cessão de direitos e obrigações e outras avenças, celebrado em 11/01/2021, ou seja, anterior ao cumprimento da decisão de bloqueio, e publicização da medida”, pontua, anexando o documento.
Ela anexou ainda troca de mensagens por aplicativo de celular entre seu marido e representante da Euro Tur, para comprovar a negociação e embasar o pedido de reintegração de posse do veículo.
Viagem Santa
Quando deflagrou a Operação Viagem Santa, a Polícia Federal informou que a 2ª Vara Criminal de Durados expediu 44 ordens judiciais, com mandados de prisão, busca e apreensão, além do sequestro e bloqueio de mais de R$ 10 milhões em bens móveis e imóveis da organização criminosa, bem como de valores depositados em contas bancárias dos investigados, e 12 ônibus avaliados em mais de R$ 11 milhões.
Além da Euro Tur, também foram apreendidos veículos da Prado Tur, ambas com sede em Dourados. Segundo as federais, “a organização criminosa montou uma rede de empresas de fachada, para lavar o dinheiro oriundo do tráfico de drogas, além de empresas de transporte de passageiros, cujos veículos eram utilizados para transportar a droga”.
“A fim de não chamar a atenção das autoridades um estratagema foi criado pelos empresários envolvidos no esquema. Segundo a estória criada pelo núcleo de ORCRIM [organização criminosa] responsável pelo agenciamento das viagens e pelo recrutamento dos passageiros um pagador de promessas estava financiado a viagem para a cidade de Aparecida/SP e como tal todas as despesas de transporte, alimentação e hospedagem seriam custeadas por esse. Na verdade, todos os custos da viagem eram bancados com o lucro da venda da droga que era transportada nos ônibus da ORCRIM”, detalhou a PF.
Fonte: Dourados News