Pedro França/Agência Senado

São Paulo – Praticamente seis em cada dez brasileiros apoiam a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada no Senado para investigar o comportamento do governo federal durante a pandemia da covid-19. De acordo com pesquisa divulgada nesta sexta-feira (7), 59% das pessoas responderam ser a favor da chamada CPI da Covid contra apenas 7% contra. Outros 34% não aprovam nem desaprovam. O levantamento mostra, ainda, estabilidade na avaliação da gestão do presidente Jair Bolsonaro.

A pesquisa foi realizada pela revista Exame em parceria com o Instituto Ideia ouvindo 1.230 homens e mulheres das cinco regiões do Brasil, com idade igual ou superior a 16 anos. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Outro dado a ser destacado: dois terços da população já tomou conhecimento da CPI da Covid e apenas um terço ainda não sabe que ela está instalada. Os trabalhos no Senado começaram oficialmente no dia 27 de abril e os depoimentos foram iniciados uma semana depois, na terça-feira (4). O prazo de funcionamento inicial é de 90 dias, mas pode ser estendido.

“Vale notar que a CPI é desconhecida por um terço dos brasileiros. Isso dá uma demonstração que grande parte do país ainda não está acompanhando de maneira mais profunda ou em tempo real os andamentos”, diz Maurício Moura, fundador do Ideia. Ele chama a atenção para outro dado: dos que aprovam a CPI da Covid, 72% têm ensino superior. Além disso, a pesquisa revela que 88% dos que têm renda superior a cinco salários mínimos têm conhecimento da instalação da comissão.

Vacinação

Apesar de a comissão ter como objetivo primário investigar responsabilidades sobre a gestão da pandemia, 41% dos entrevistados gostariam que ela resultasse no aumento da vacinação no país. Nesse ponto, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, mostra-se antenado. Em entrevista concedida a Juca Kfouri na quinta (6), no programa Entre Vistas, da TVT, disse que a comissão tem como objetivo “corrigir o que continua errado e podia ser corrigido lá atrás”. Além de estimular a imunização, outros 32% dos pesquisados gostariam que a CPI da Covid apontasse os culpados pela crise sanitária e 15% queriam que redundasse no aumento do auxílio emergencial.

Ainda nas expectativas sobre o relatório final, 38% acreditam que os três objetivos – melhor vacinação, culpados e auxílio maior – serão atingidos. Outros 20% creem em dois e 13% em apenas um. O restante, 29%, acha que não vai dar em nada.

Auxílio e hábitos

Sobre o auxílio emergencial, a pesquisa mostra que somente 68% das pessoas que receberam o benefício no ano passado voltaram a receber neste ano. No total de pesquisados, menos da metade, 48%, afirmou ter sido contemplado nesta segunda rodada. O destino do dinheiro recebido foi alimentação, para 71% dos entrevistados, ou pagar dívidas, para 26%.

Na questão do trabalho, dois terços, ou 68%, confirmaram que perderam renda com a piora da pandemia. Desse total, 75% estão nas classes D e E. Para Moura, esse dado dá a “exata noção de como é impossível desvincular a questão econômica da sanitária”.

Outro dado de destaque na pesquisa é que 77% dos entrevistados afirmaram ter mudado de comportamento em relação ao uso de máscara e ao distanciamento social com o agravamento da pandemia. O grosso desse grupo, 73%, afirmou que parou de encontrar amigos e parentes (38%) ou deixou de frequentar comércio e shoppings (35%). O restante, 23%, segue indiferente aos mais de 400 mil mortos.

Desaprovação de metade do país

A popularidade do governo Bolsonaro também foi medida e chegou-se a conclusão de que permanece estável em relação à pesquisa anterior. O índice de Ruim/Péssimo continua o maior, sendo a avaliação de 50% dos entrevistados agora contra 52% da pesquisa de 23 de abril. O Ótimo/Bom ficou em 24% agora contra 23% da edição anterior e o Regular caiu de 24% para 23,8%. O Não Sabe foi de 1% para 2%. A avaliação específica do presidente segue os mesmos parâmetros. O Ruim/Péssimo foi de 54% para 52%; o Ótimo/Bom, de 25% para 24% e o Regular subiu de 20% para 22%. O Não Sabe também foi de 1% para 2%. Todas as variações estão dentro da margem de erro.

“A gente vê claramente que há uma estabilidade na aprovação presidencial. Ótimo e bom estão completamente na margem de erro e ruim e péssimo, também. Vale destacar a força do presidente no Centro-Oeste e a recuperação da aprovação no Norte. Isso se deve ao primeiro mês inteiro da volta do auxílio emergencial. Também vale destacar como o presidente tem performado mal nos grupos de ensino superior e de renda mais alta. É o efeito do ritmo lento de vacinação”, avalia Maurício Moura.

Fonte: RBA