São Paulo – Os atos contra o presidente Jair Bolsonaro em todo o país neste sábado (30) tiveram pouco espaço na maioria da mídia comercial. E pouco espaço nos telejornais, ao contrário dos atos pelo impeachment da então presidenta Dilma Rousseff (PT), com cobertura ao vivo, em tempo integral. As manifestações realizadas ontem em mais de 200 localidades brasileiras, que acabaram com a Avenida Paulista lotada à tarde, ficaram de fora dos principais jornais. Exceto a Folha de S.Paulo, que deu o devido destaque.
Já a imprensa estrangeira destacou os atos em páginas na internet, com muitas fotos, e também em seus canais no Youtube. A queda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro em função da condução da pandemia, que já matou mais de 460 mil pessoas no país e os trabalhos da CPI da Covid foram destacados também.
“A popularidade de Bolsonaro despencou durante a crise do coronavírus, que matou mais de 460.000 brasileiros enquanto o líder de extrema direita minimizava sua gravidade, descartava o uso de máscaras e lançava dúvidas sobre a importância das vacinas”, destacou a Agência Reuters. “Na capital Brasília e no Rio de Janeiro (os atos) foram pacíficos, mas na cidade nordestina de Recife, a polícia lançou gás lacrimogêneo e balas de borracha.”
A agência destacou também o encontro dos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso no início de maio. “Uma demonstração pública de seu propósito comum de impedir que Bolsonaro ganhe um segundo mandato nas eleições presidenciais do próximo ano.”
Pressão sobre Bolsonaro
A BBC de Londres deu manchete Brasil: Manifestantes culpam Bolsonaro pela crise de Covid. “A popularidade de Bolsonaro despencou com sua resposta à pandemia. O Brasil registrou quase 460.000 mortes – o segundo maior número de mortes no mundo, depois dos Estados Unidos”. “Os protestos de sábado aumentaram a pressão sobre Bolsonaro enquanto o Senado do Brasil realiza um inquérito sobre a forma como seu governo lida com a pandemia e a lenta implantação do programa de vacinas, sem se preocupar com as consequências”.
A rede estatal britânica ainda informou com detalhes o que vêm sendo apurado na CPI, como as ações do presidente para atrasar a compra de vacinas, inclusive desprezando contatos de fabricantes, como a Pfizer. E mesmo o Butantan, representante no Brasil da chinesa Coronavac.
Responsabilidade de Bolsonaro
O canal Al Jazeera, do Catar, destacou as manifestações e as denúncias dos movimentos sociais sobre a responsabilidade de Bolsonaro na crise da covid-19. “O presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, está enfrentando uma investigação do Senado sobre a forma como seu governo está lidando com a pandemia”, informou a rede de TV.
O jornal Independent, do Reino Unido, publicou reportagem em seu site e também no canal no Youtube. “Brasileiros saíram às ruas de São Paulo para protestar contra o atual presidente do país, Jair Bolsonaro. As imagens mostram multidões cantando e segurando cartazes enquanto os manifestantes marchavam da Avenida Paulista ao centro da cidade, pedindo o impeachment de Bolsonaro e criticando sua forma de lidar com a pandemia do coronavírus”.
Atos pelo impeachment
O canal New Delhi Television lembrou o fato de, no início da pandemia, Jair Bolsonaro ter classificado a covid-19 como uma “gripezinha”. E destacou que, como o número de mortos aumentou constantemente, o presidente passou a enfurecer a população de outras maneiras, como fazer oposição a medidas de permanência em casa e uso de máscaras. E também com a recomundação do uso de medicamentos ineficazes contra a covid-19, como a cloroquina.
O canal da Associated Press, também deu destaque às milhares de pessoas que protestaram contra o presidente brasileiro, pedindo seu impeachment e criticando sua forma de lidar com a pandemia.
Bolsonaro ameaça à democracia
O jornal britânico The Guardian pulicou reportagem destacando também a ameaça de Bolsonaro à democracia. “Não à ditadura: milhares de brasileiros se manifestam contra o Bolsonaro”. O veículo mostrou que em pelo menos 200 cidades em todo o país a população carregou cartazes como “Fora Bolsonaro” e “Impeachment Já’.
A popularidade do Bolsonaro, que despenca, também foi retratada pelo Guardian como resultado de sua política que tem alimentado o crescimento e manutenção da pandemia em níveis altíssimos. “Durante a crise do coronavírus, que já matou mais de 450.000 brasileiros enquanto o líder de extrema direita minimizava sua gravidade, descartava o uso de máscara e lançava dúvidas sobre a importância das vacinas”, destacou o veículo.
Na Índia, o canal Wion também mostrou os protestos. “Milhares de pessoas no Brasil realizaram mais um dia de protesto contra o presidente Jair Bolsonaro, em particular por sua forma caótica de lidar com a pandemia.”
Fonte: RBA