São Paulo – A vereadora Liana Cirne (PT) se reuniu com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), nesta terça-feira (1º) para exigir punição aos policiais envolvidos na repressão a manifestantes no último sábado (29), em Recife. “O que aconteceu no sábado não foi e não vai ser um ponto final. Se existe um bolsonarismo no seio da polícia, que seja desmontado”, afirmou ela, em discurso na Câmara Municipal.
Liana foi atacada, a queima roupa, com spray de pimenta, enquanto tentava conter a ação violenta dos policiais. Ela entregou ao governador uma representação disciplinar cobrando apuração do caso e punição dos agentes envolvidos. Câmara afirmou que as cenas registradas durante o final de semana não representam a postura institucional da Polícia Militar de Pernambuco, e prometeu “apuração rigorosa dos fatos”. A parlamentar também solicitou acesso à sindicância instaurada contra os policiais na Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS-PE).
Para a vereadora, não só os policiais que participaram diretamente devem ser responsabilizados, como também os comandantes que planejaram a ação que ela classificou como “brutal, violenta, truculenta, ilícita”. Duas pessoas que receberam tiros de bala de borracha nos olhos ficaram cegas, exemplificando a brutalidade da ação policial.
À noite, o governador informou que “aceitou a exoneração” do comandante da Polícia Militar, coronel Vanildo Maranhão. Além disso, outros dois oficiais foram afastados. Eles se somam a outros cinco que já haviam sido punidos no dia da manifestação.
‘Cabras frouxos e covardes’
Além disso, a vereadora afirmou que está sendo atacada nas redes sociais, em ações coordenadas por representantes políticos do bolsonarismo. Dentre eles, o deputado estadual Joel da Harpa (PP). Ele ficou conhecido por ter participado da invasão de uma maternidade na capital pernambucana, no ano passado, enquanto uma criança de 10 anos, que havia sido estuprada, realizava um aborto legal.
Liana também confrontou o policial aposentado José Pires de Souza Filho, conhecido Coronel Souza Filho. Bolsonarista, o candidato derrotado na à prefeitura de Palmares no ano passado, classificou como “palhaçada” as cenas que mostram Liana caída, após ser atacada pelos policiais.
“Deputado, o senhor é cabra macho pra enfrentar uma criança de dez anos, mas não é homem pra me enfrentar”, disparou a parlamentar. Ela também desafiou Souza Filho a resistir, de pé, a um ataque com spray de pimenta a curta distância.
“Vocês, cabras machos, que incitam a violência contra nós, não chegam na agulha do meu salto alto”, disse Liana. “São uns cabra frouxo, covardes, que estimulam a covardia contra uma mulher desarmada, contra um povo desarmado. Covardes, incitadores da desordem. Vocês não representam a polícia. Nós não temos medo”, acrescentou.
Fonte: RBA