Na última sexta-feira (25), o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) participou da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19. Foram quase 10 horas de interrogação e tentativas de que ele revelasse o nome do político envolvido na negociação da vacina Covaxin contra o coronavírus. Mas a informação foi conseguida pela senadora Simone Tebet (MDB-MS).
O deputado afirmou que, em conversa com Jair Bolsonaro (sem partido), quando foi entregar a denúncia sobre possível corrupção no governo, o presidente teria dito: “É mais um rolo desse…, você sabe quem”. Então, próximo das 22h da sexta-feira (25), o parlamentar revelou que o envolvido é Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara. Ele chegou a chorar no momento em que disse o nome.
“Eu queria ter dito desde o primeiro momento, mas é que vocês não sabem o que eu vou passar. Apontar para o presidente da República que todo mundo defende como correto e honesto, que sabe que tem algo errado, sabe o nome, sabe quem é e não faz nada por medo da pressão que pode levar do outro lado”, disse.Ainda na CPI, questionou: “Que presidente é esse que tem medo de pressão de quem está fazendo o errado, quem desvia dinheiro?”.
Em coletiva após a CPI, a senadora sul-mato-grossense disse que a sessão foi “um misto de emoção dele e minha”. “Era preciso que um deputado bolsonarista pudesse anunciar. Havia um desejo dele de citar toda a verdade”. Ela disse sabia que haveriam tentativas de provocação, “mas o que faria a diferença era o lado emocional”.
Compra da Covaxin
Simone destacou a relação de ações legislativas e administrativas, para o contrato da Covaxin. A MP 1.026, de janeiro de 2021, autorizava o Brasil a comprar apenas vacinas liberadas pelos Estados Unidos, União Europeia, Japão, China, Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.
No entanto, a lei com emenda da Câmara dos Deputados, que incluía a Índia, foi válida em 10 de março. “O contrato foi feito anteriormente, no dia 25 de fevereiro. Só aí já está mostrando que a assinatura do contrato é irregular, ilegal. E aí, a cereja do bolo: a medida provisória é de janeiro. Não permite compra de vacina sem a autorização da Anvisa ou dessas agências de autoridades sanitárias”, destacou.
A senadora listou ainda uma série de contradições que existem nos contratos com as vacinas das diferentes farmacêuticas pelo Brasil. “O Governo Federal diz que não aceitava a Pfizer por conta de cláusulas leoninas, mas aceitou a indiana com cláusulas draconianas”, destacou.
Ela lembrou ainda que o presidente foi xenofóbico com a Coronavac, sendo que a “Covaxin e a CoronaVac têm a mesma plataforma”. Para depois ele aceitar e fechar um contrato com preço muito mais elevado e em tempo recorde – 97 dias.
Fonte: midiamax