Iniciada em 3 de março, e aberta por menos de 30 dias, a janela partidária era aguardada por muitos dos envolvidos na disputa eleitoral deste ano como oportunidade de trocarem de legenda sem o risco de perderem seus mandatos. E, mal começou, o prazo gerou movimento intenso em Casas Legislativas do Estado.
Em 2022, no entanto, o processo eleitoral foi iniciado com uma segunda janela partidária ainda em andamento, fruto da criação do União Brasil. O partido, resultado da fusão entre DEM e PSL, chega com credenciais de maior bancada do Congresso e possibilidade de disputar o Palácio do Planalto.
Por se tratar de legenda que nasce com mudanças no estatuto de seus partidos fundadores, abriu-se espaço para insatisfeitos abandonarem a agremiação. A “janelinha” do União Brasil abriu espaço para que dois vereadores de Campo Grande deixassem o partido: Professor Riverton e Silvio Pitu, eleitos pelo DEM, foram para o PSD, que chega a 8 vereadores na Câmara Municipal e se consolida como bancada dominante.
O Coronel Alírio Villasanti, que integrava o PSL, ficou no partido agora como seu único vereador. No entanto, distanciado do presidente Jair Bolsonaro (PL), o União Brasil também fez arranjos regionais próprios.
Em Mato Grosso do Sul, abriu as portas para a deputada federal Rose Modesto, sua pré-candidata ao Governo do Estado. Com ela, chegam nomes como o do deputado estadual Professor Rinaldo (ex-PSDB, como Rose) e do ex-secretário estadual de Cultura, Athayde Nery (que deixou o Cidadania para apoiar a pré-candidata).
‘Estrela do DEM’ vai para o Progressistas
Outros nomes são aguardados neste fim de semana, quando o partido oficializará Rose como seu quadro e pré-candidata. Contudo, ao mesmo tempo em que busca reforços, o União Brasil perde quadros no Estado. O principal deles é o da ministra da Agricultura e deputada federal licenciada Tereza Cristina, que segue para o Progressistas.
Tereza migrou para um partido já alinhavado com Bolsonaro e deve disputar o Senado. Com ela, saíram do antigo DEM os deputados estaduais Barbosinha e Zé Teixeira — o primeiro deve acompanhar Tereza no Progressistas, enquanto Teixeira, por questões na Grande Dourados, sua base eleitoral, vê a possibilidade com reservas.
Em comum, os deputados estaduais reforçaram fazerem parte do grupo político da ministra. O Progressistas também se tornou destino do deputado federal Luiz Ovando, bolsonarista eleito pelo PSL, o mesmo que emplacou o também deputado federal Loester Trutis — outro que deixou União Brasil, mas que optou por se filiar ao PL.
Em direção ao novo partido de Bolsonaro
O PL se tornou atrativo para os apoiadores de Jair Bolsonaro depois que o próprio presidente anunciou, há algumas semanas, sua filiação — também disputada pelo Republicanos. Com isso, além de Trutis, o deputado estadual Capitão Contar, que vinha de desgastes com a cúpula do PSL, filiou-se ao partido.
O Coronel David, outro ex-integrante do PSL, também aguardava a definição de Bolsonaro para definir seu destino partidário, e deve ter o PL como destino. Assim, o partido que tinha apenas João Henrique Catan na Assembleia passa a ter 3 parlamentares.
Debandada na Assembleia
Os novos integrantes do PL não foram os únicos a mudarem de endereço partidário na Assembleia Legislativa ou anunciarem a troca de partido. Felipe Orro, por exemplo, trocou o PSDB pelo PSD e deve apoiar a pré-candidatura de Marquinhos Trad ao Governo do Estado.
Neno Razuk deixou o PTB, partido que chegou a presidir no Estado, anunciando estudar convites de 3 outros partidos.
Sem partido há cerca de 2 anos, quando deixou o PDT, Jamilson Name promete anunciar seu destino no dia 31 de março. PP, PSDB e MDB seriam possibilidades. E os emedebistas podem perder um parlamentar: Paulo Duarte, suplente que chegou à Assembleia com a ida de Eduardo Rocha à Secretaria de Estado de Governo, admitiu que pode procurar uma nova casa.
Por fim, Lucas de Lima confirmou que deve deixar o Solidariedade, estando dividido entre dois projetos bem distantes: o Progressistas, alinhado a Bolsonaro, ou o PDT, de Ciro Gomes.
Janela vai até 1º de abril
A janela partidária se fecha em 1º de abril, ou seja, ainda há tempo para mudanças serem anunciadas — inclusive de última hora.
Diferente da licença dada a ex-integrantes do União Brasil, o período é uma salvaguarda dada pela legislação eleitoral para que ocupantes dos cargos em disputa na eleição subsequente troquem de partido sem o risco de perderem os mandatos. Assim, podem viabilizar seus projetos políticos sem entraves.
Fora da janela, as regras para mudança de partido são muito mais restritas. Devem incluir, por exemplo, provas de que houve perseguição pessoal ou mudança no estatuto partidário. O Coronel David usou essa alegação para deixar o PSL, o que só foi definido em meio a uma disputa na Justiça Eleitoral.