O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta terça-feira (15) a Pesquisa Trimestral do Abate, apontando que o Brasil registrou recorde de 6,18 bilhões de cabeças de frango e 52,97 milhões de suínos abatidos em 2021. O número representa um aumento relevante, comparado a redução de 7,8% de abate em bovinos, em 2020.

O indicador aponta que durante o ano passado, o resultado representa o segundo ano consecutivo de queda no abate de bovinos. O aumento foi de 2,8% em cabeças de frango e 7,3% em suínos, quando comparada ao ano anterior.

 “No caso dos bovinos, permanece a retenção de animais, principalmente das fêmeas, para fins de procriação. A arroba está valorizada, em um ciclo de alta, fazendo com que o produtor evite o abate” explica Bernardo Viscardi, analista da pesquisa O total de fêmeas abatidas ao longo de 2021 comprova: foram apenas 9,31 milhões de cabeças, o menor resultado desde 2004.

Um ponto favorável ao resultado é o mercado da China, que é o principal importador de carne bovina brasileira, com 50% da exportação nacional. O caso atípico de “vaca louca”, o impulsionou a compra do produto no Brasil, até dezembro.

[Colocar ALT]
(Foto: Reprodução/IBGE)

“Isso impactou a cadeia da carne bovina, já que a exportação vem, ao longo dos últimos meses, em altos patamares” relata Viscardi. Ainda assim, as exportações de carne bovina in natura tiveram o terceiro melhor resultado da série histórica da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, com 1,56 milhão de toneladas enviadas ao exterior. A crise com a China também refletiu no preço da arroba bovina, que desvalorizou no mercado, o que fez com que o produtor segurasse o abate para tentar vender mais caro posteriormente.

Com a alta no mercado externo, o brasileiro passou a procurar alternativas na alimentação, ainda, elevada pela crise causada pela pandemia da Covid-19.  “Tanto o frango quanto o suíno se tornaram opção de proteínas mais em conta. O desempenho na exportação auxiliou a cadeia da carne suína, que enfrentou um cenário desafiador com o aumento dos custos de produção”, ressalta Viscardi.

Ovos e leite

A produção de ovos de galinha em 2021 bateu recorde e registrou 3,98 bilhões de dúzias, uma variação de apenas 0,2% em relação a 2020, mas o suficiente para representar novo recorde na série histórica da pesquisa, iniciada em 1987.

“Desde 2020, verifica-se um aumento do consumo do produto, após o início da pandemia da COVID-19, relacionado à queda no poder aquisitivo da população”, afirma Viscardi, lembrando do consumo do ovo como fonte de proteína acessível em tempos de economia desacelerada.

Já o leite captado em 2021 bateu 25,08 bilhões de litros, uma queda de 2,2% sobre a quantidade registrada em 2020. É a primeira queda após um período de quatro anos de aumentos consecutivos, 2017 a 2020.

Apesar da retração, o resultado foi o segundo melhor computado para um ano, levando em consideração a série histórica pesquisa, iniciada em 1997.  “O ano de 2021 foi marcado pela ocorrência de geadas e por um período seco mais intenso, que contribuíram para prejudicar as pastagens em algumas das principais regiões produtoras”, explica Viscardi. Além disso, houve alta dos custos com aumento dos preços dos insumos como a suplementação para o gado, o custo da energia e dos combustíveis, o que afetou a cadeia produtiva do leite. “É um setor que tem dificuldade em passar essa alta para o consumidor”, finaliza.

Para se ter uma ideia, o preço do leite cru pago ao produtor no escopo da Pesquisa Trimestral do Leite em 2019 custava em média R$ 1,36 o litro, em 2020 chegou a R$ 1,70 e em 2021 R$ 2,08. Desde 2019, o questionário da pesquisa passou a ter uma consulta às empresas sobre o preço médio pago, mensalmente, pela matéria-prima adquirida (leite cru in natura, resfriado ou não).  Desde então, a variável investigada foi utilizada apenas internamente para subsidiar a coleta e a crítica dos dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM).

Já a Pesquisa Trimestral do Couro, que investiga curtumes que curtem pelo menos 5 mil unidades inteiras de couro cru bovino por ano, registrou em 2021 um total de 29,34 milhões de peças inteiras, que representa queda de 4,8% em comparação com 2020, influenciada diretamente pela queda no abate bovino ao longo do período.