O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, disse neste sábado (9) que renunciará na próxima semana, de acordo com comunicado do Parlamento do país, quando os protestos eclodiram e os manifestantes invadiram as residências oficiais do presidente e do primeiro-ministro. O primeiro-ministro do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, também disse que está disposto a renunciar.
O presidente do Parlamento, Mahinda Yapa Abeywardena, disse que Rajapaksa o informou que deixará a presidência no dia 13 de julho. O anúncio veio após um pedido do orador de que o presidente renuncie após uma reunião de líderes partidários.
Horas antes, o premiê reiterou sua disposição de renunciar. Ele twittou que aceitou a recomendação dos líderes do partido para renunciar.
“Para garantir a continuação do governo, incluindo a segurança de todos os cidadãos, aceito a melhor recomendação dos líderes do partido hoje, para abrir caminho para um governo de todos os partidos”, postou em seu perfil no Twitter o primeiro-ministro. “Para facilitar isso, vou renunciar ao cargo de primeiro-ministro”.
Wickremesinghe ainda não apresentou sua carta de renúncia ao presidente.
De acordo com a constituição do Sri Lanka, se tanto Wickremesinghe quanto Rajapaksa renunciarem, o presidente do parlamento servirá como presidente interino por no máximo 30 dias.
Enquanto isso, o parlamento elegerá um novo presidente dentro de 30 dias a partir de um de seus membros, que ocupará o cargo pelos dois anos restantes do atual mandato.
Residências oficiais invadidas
Cerca de 100 mil manifestantes se reuniram do lado de fora da residência oficial do presidente neste sábado, exigindo a renúncia de Rajapaksa. Um vídeo transmitido em canais de TV do Sri Lanka e nas mídias sociais mostrou manifestantes entrando na casa em Colombo depois de romper os cordões de segurança colocados pela polícia. Imagens mostraram manifestantes dentro do prédio pendurando faixas na varanda, além de nadar na piscina da residência.
A mídia local informou que os manifestantes também invadiram a residência oficial do primeiro-ministro, conhecida como Temple Trees, e atearam fogo no imóvel.
Mais de 50 pessoas ficaram ferias nos protestos, de acordo com o Hospital Nacional do Sri Lanka. Dessas, três foram atingidas por tiros.
O Sri Lanka está sofrendo sua pior crise financeira na história recente, deixando milhões lutando para comprar alimentos, remédios e combustível.
Um toque de recolher da polícia que foi imposto anteriormente em várias divisões na província ocidental do Sri Lanka foi suspenso. Vários políticos e a Ordem dos Advogados do Sri Lanka se referiram ao toque de recolher como “ilegal”, dizendo que não houve casos de violência que justificassem a imposição da medida.
Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas nos últimos meses, exigindo a renúncia dos líderes do país por acusações de má gestão econômica.
Em várias grandes cidades, incluindo Colombo, as filas para comprar combustível duravam horas, e os habitantes às vezes entravam em conflito com a polícia e os militares enquanto esperavam.
As escolas foram suspensas e o combustível foi limitado aos serviços essenciais. Os pacientes não podem viajar para os hospitais devido à escassez de combustível, e os preços dos alimentos estão subindo.
Os trens foram reduzidos em frequência, forçando os viajantes a se espremerem em compartimentos e até mesmo sentar-se precariamente em cima deles enquanto se deslocam para o trabalho.
O primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe disse que o país entrou em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para reviver a economia.
Esta semana, ele disse ao parlamento que as negociações com o FMI foram “difíceis”, pois eles entraram na discussão como um país “falido”, em vez de um país em desenvolvimento.
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