Pessoas com epilepsia frequentemente sofrem preconceitos, muitas vezes mais prejudicial que a própria condição em si. Para abordar esse estigma junto à sociedade, foi criada a Lei 5.743, em Mato Grosso do Sul, que instituiu o Março Roxo. De autoria do deputado Antonio Vaz (Republicanos), a norma prevê a realização de campanhas de conscientização para que haja mudança na interpretação social sobre epilepsia.

O parlamentar explica que a iniciativa teve início no Canadá, em 2008, após o relato da menina Cassidy Megan, que compartilhou seu sentimento de solidão por ter epilepsia. A cor roxa foi escolhida em alusão à lavanda, flor ligada ao sentimento de isolamento descrito por ela. “Percebemos que afetam o comportamento e a qualidade de vida não só da pessoa que tem epilepsia, mas também de toda família. Precisamos desmitificar o preconceito, que é extremamente prejudicial”, relatou.

A epilepsia é um distúrbio cerebral ocasionado por descargas elétricas anormais, tendo como característica principal a recorrência de crises convulsivas, podendo variar sua característica fisiopatológica de acordo com a área afetada. Atinge cerca de 50 milhões de pessoas no mundo, sendo considerado um problema de saúde pública. Pode se expressar de formas diferentes e representa o terceiro distúrbio neurológico mais comum, superado apenas pelos acidentes cerebrovasculares e doença de Alzheimer.

No Brasil, segundo estimativas do Ministério da Saúde, surgem pelo menos 150 mil casos novos ao ano. Para chegar ao diagnóstico, o médico analisa o histórico familiar do paciente e a recorrência das crises epiléticas. O tratamento é feito por meio de medicamentos que evitam as descargas elétricas cerebrais anormais.

Quando as medicações não funcionam, uma saída é partir para cirurgia. Há casos que a indicação é cirúrgica. Outras duas possibilidades estão em estudos científicos, a neuromodulação e o uso do canabidiol.  

 

Mitos e verdades

O Escritório Internacional para a Epilepsia e a Liga Internacional contra Epilepsia têm realizado ações para desmistificar o que é a epilepsia e combater a vergonha e a discriminação associada à disfunção. Veja abaixo os principais mitos e verdades ao redor do distúrbio:

 

A epilepsia é uma doença contagiosa – MITO

A epilepsia é uma doença neurológica não contagiosa. Portanto, qualquer contato com alguém que tenha epilepsia não transmite a doença.

 

Durante uma crise convulsiva, deve-se segurar os braços e a língua da pessoa – MITO

O ideal é colocar o paciente deitado com a cabeça de lado para facilitar a saída de possíveis secreções e evitar a aspiração de vômito. A cabeça deverá ser apoiada sobre uma superfície confortável. É importante não introduzir qualquer objeto na boca, não tentar interromper os movimentos dos membros e não oferecer nada para a pessoa ingerir.

 

Toda convulsão é epilepsia – MITO

Na crise existe abalo motor. Para considerar que uma pessoa tem epilepsia ela deverá ter repetição de suas crises epilépticas, portanto a pessoa poderá ter uma crise epiléptica (convulsiva ou não) e não ter o diagnóstico de epilepsia.

 

Epilepsia é uma doença mental – MITO

A epilepsia é uma doença neurológica, não mental.

 

Os pacientes com epilepsia não podem dirigir – MITO

Segundo a Associação Brasileira de Educação de Trânsito, o paciente que se encontra em uso de medicação poderá dirigir se estiver há um ano sem crise epiléptica – dado que deve ser apresentado através de um laudo médico. Caso o paciente esteja em retirada da medicação antiepiléptica, ele poderá dirigir se estiver há no mínimo dois anos sem crises e ficar por mais seis meses sem medicação e sem crise. Já a direção de motocicletas é proibida.

 

É possível manter a consciência durante uma crise de epilepsia – VERDADE

As crises apresentam-se de diferentes maneiras: podem ser rápidas ou prolongadas; com ou sem alteração da consciência; com fenômeno motor, sensitivo ou sensorial; únicas ou em salvas; exclusivamente em vigília ou durante o sono.

 

O estresse é um fator desencadeador de crises de epilepsia – VERDADE

O estresse é um dos fatores que pode deflagrar uma crise epiléptica.

 

Existem medicamentos capazes de controlar totalmente a incidência das crises – VERDADE

Cerca de 70% dos casos de epilepsia são de fácil controle após o uso do medicamento adequado. Os 30% restantes são classificados como epilepsias refratárias de difícil controle.

 

A epilepsia pode acometer todas as idades – VERDADE

A epilepsia acomete desde o período neonatal até o idoso, e pode ter início em qualquer período da vida.

 

O paciente com epilepsia pode ter uma vida normal – VERDADE

Pacientes com epilepsia, desde que controlados, podem e devem ser inseridos completamente na sociedade, ou seja, devem trabalhar, estudar, praticar esportes, se divertir.