Segundo presidente do FED, maior problema nos EUA segue sendo a inflação alta, o que justifica aumento nos juros: “sem estabilidade de preços a economia não funciona para ninguém”
Por Pedro Paiva, correspondente do 247 nos EUA – O Federal Reserve (FED), o Banco Central dos Estados Unidos, se reuniu hoje. Na pauta estavam a quebra de dois importantes bancos americanos, o SVB e o Signature Bank, e as consequências dessas quebras para a economia do país. Mas a informação mais aguardada era a respeito da taxa de juros. Para muitos especialistas, a alta rápida dessa taxa nos últimos meses tem grande responsabilidade sobre a instabilidade nas instituições financeiras. O FED, porém, anunciou uma nova alta de 0,25%, posicionando a taxa básica de juros dos EUA em 5%, o valor mais alto desde 2007.
Jerome Powell, presidente do FED, participou hoje de uma coletiva de imprensa após a reunião. Ele começou falando sobre a força do sistema financeiro dos Estados Unidos e das medidas tomadas pelo governo para assegurar a confiança nos bancos do país. Dentre as medidas está um programa que garante empréstimos facilitados a bancos que possuem investimentos seguros e que precisem de dinheiro em caixa para cobrir a alta demanda por saques e transferências. Powell afirmou, ainda, que o FED se compromete a aprender com os erros e corrigir possíveis falhas.
Mas, ainda segundo o presidente do FED, o maior problema nos EUA segue sendo a inflação alta, o que justificaria o aumento na taxa de juros, e a falta de mão de obra. “Sem estabilidade de preços a economia não funciona para ninguém”, afirmou Powell. Segundo o que foi debatido hoje, a prioridade máxima do Federal Reserve é fazer a inflação cair dos atuais 6% para menos de 2% ao ano. De acordo com as previsões apresentadas, o país deve ter uma inflação de 2,1% no final de 2025.
Outra projeção apresentada foi referente ao desemprego. Atualmente, apenas 3,6% dos americanos estão desempregados. Jerome Powell afirmou, no entanto, que essa taxa deve crescer para 4,5% até o final do ano, o que segundo ele seria algo positivo. O excesso de vagas de emprego não ocupadas vem fazendo com que empresas aumentem salários na tentativa de atrair ou manter trabalhadores. Para Powell, esse movimento é um dos responsáveis pela alta inflação hoje.
Enquanto isso, no Brasil, o Banco Central também deve anunciar, hoje, a nova taxa Selic. Há grande pressão por parte do governo para que exista uma redução que garanta a possibilidade de investimento na economia real. A taxa atual é de 13,75% e agrada muito ao mercado financeiro. Com alta na taxa de juros dos Estados Unidos, porém, é possível que o Banco Central mantenha a taxa brasileira com a justificativa de evitar uma fuga de capitais do Brasil para os EUA.
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