Pelo “serviço”, Moro virou “superministro” de Bolsonaro. Mas o processo de suspeição do ex-juiz ainda aguarda julgamento no STF
São Paulo – Um ano atrás, em 9 de julho de 2019, o enredo montado pelo então juiz Sergio Moro para mandar para a prisão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, começava a ser desvendado. Com base em conversas trocadas entre procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e Moro, o The Intercept Brasil, com série chamada de Vaza Jato, começou a revelar entranhas da República de Curitiba.
O objetivo do conluio – sob um pretexto de combate à corrupção – entre Moro e os procuradores ficou demonstrado: tirar Lula da disputa eleitoral de 2018. E evitar a volta do PT ao governo federal, após o golpe do impeachment que derrubou a ex-presidenta Dilma Rousseff.
Em muitos dos 99 capítulos da Vaza Jato as conversas entre Moro e integrantes do MPF, inclusive o coordenador da força tarefa, Deltan Dallagnol, surgiram evidências de que o ex- juiz agia como chefe da acusação. Fora dos autos do processo, sugeria testemunhas, avaliava provas e selecionava até mesmo os procuradores que deveriam participar das audiências.
Sentindo-se protegidos pela confidencialidade das mensagens pelos aplicativos, como o Telegram, Moro e os procuradores mostraram falta de escrúpulos para perseguir seus objetivos. De interesse público, a série Vaza Jato é dos episódios mais marcantes do jornalismo brasileiro dos últimos anos.
Até o momento, nenhum envolvido na trama foi punido. A defesa de Lula espera que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue o processo que pede a anulação da condenação do ex-presidente com base na suspeição de Moro, que comprovadamente não tinha isenção necessária para julgá-lo.