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São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro presenteou o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello nesta terça-feira (1º) com o cargo de secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, vinculada à Presidência da República. Trata-se de um dos cargos mais altos de Direção e Assessoramento Superior (DAS), com remuneração de R$ 16.944,90. A pasta, com status de ministério, é comandada pelo almirante Flávio Augusto Viana Rocha, militar da ativa da Marinha. A nomeação do general saiu em edição extra do Diário Oficial da União, assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, o general da reserva do Exército Luiz Eduardo Ramos.

Pazuello deixou o Ministério da Saúde por ter sua “missão cumprida” – conforme ele próprio afirmou afirmou à CPI da Covid. E seu prêmio ocorre a poucos dias de o Comando do Exército decidir o que fará com o general depois de violar normas do Estatuto das Forças Armadas. Pelo regulamento, cujo papel está previsto na Constituição, é proibido expressamente aos oficiais qualquer tipo de manifestação política. O novo secretário participou de ato político ao lado do chefe, com motociclistas no Rio de Janeiro, no último dia 23.  Bolsonaro pressiona o comando a não punir Pazuello, mas, embora seja comandante em chefe das Forças Armadas, o presidente não pode infringir normal constitucional.

Ao sair do Ministério da Saúde, deixou, apenas sob sua gestão de menos de um ano, um saldo de mais de 300 mil mortes pela pandemia do novo coronavírus. E foi um dos principais personagens do colapso da saúde em Manaus, de onde surgiu a nova cepa do vírus que agravou o surto de covid-19 em todo o país. Em seu depoimento à CPI da Covid, tentou isentar Bolsonaro do crime de responsabilidade por exercer influência sobre seu ministério. Assim, conduziu campanha pela prática do tratamento precoce, negligenciou na negociação para compra de vacinas e se omitiu em crises agudas como do Amazonas.

‘Missão cumprida’ de Pazuello ainda será julgada

O comandante-geral das Forças Armadas, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, vai tomar pessoalmente as explicações de Pazuello. Isso porque os argumentos feitos pela defesa do ex-ministro não foram considerados satisfatórios pela cúpula do Exército. O ex-ministro da Saúde tripudiou sobre a opinião pública ao argumentar que o ato liderado por Bolsonaro no Rio não teve conotação política.

Antes de receber o novo cargo na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Eduardo Pazuello havia sido transferido para a Secretaria-Geral do Exército. Com isso, o general foi desligado da 12.ª Região Militar, em Manaus (AM), onde era adido, para servir a um órgão ligado diretamente ao Comando do Exército.

Fonte: RBA