Brasileiros que investem em ações de empresas americanas também podem receber dividendos em dólar. O recurso é uma parcela do lucro oferecida aos acionistas.

Estrangeiros podem acessar o mercado de Wall Street via corretoras internacionais ou comprar BDRs (Brazilian Depositary Receipts, certificados de ações que representam papéis emitidos no exterior).

Ao criar uma conta em corretoras estrangeiras, o investidor passa a ter acesso aos stocks (nome dado as ações internacionais), reits (os fundos imobiliários dos Estados Unidos) e os ETFs (mais conhecidos como fundos de índice).

Todos esses modelos de investimento podem pagar dividendos. Já os BDRs são acessados em corretoras brasileiras, mas a remuneração é impactada de acordo com a cotação do real ante o dólar no dia do pagamento, já que o provento é pago na moeda local.

Opções

Os reits, que investem em propriedades que pagam acima de 4% ao ano, são considerados bons pagadores, segundo Caio Braz, sócio da Urca Capital Partners. “Os reits de mortgages high yield podem pagar mais de 9% ao ano, porém têm uma volatilidade muito maior e as variações de preço costumam ser agressivas conforme a variação da taxa básica de juros e dos treasury (tesouro dos Estados Unidos) de 10 anos”.

Mortgages high yield é o nome dado a uma hipoteca com uma taxa de juros acima da média. Os juros são conhecidos como Annual Percentage Rate (APR, ou taxa percentual anual).

O especialista cita também que existem outras opções de ETFs atrelados aos índices norte-americanos que distribuem renda aos investidores. Como o QYLD e RYLD, que buscam pagar um dividendo de ao menos 12% ao ano. O primeiro segue o Nasdaq e o segundo, S&P 500.

Mas Braz adverte que, quando o mercado está em tendência de alta, esses ETFs têm um retorno menor que o índice de referência, pois eles acabam limitando o retorno mensal devido à venda coberta de opções. E, em caso de tendência de baixa, terão retornos maiores que o índice de referência pelo mesmo motivo – sempre distribuindo dividendos mensais buscando os 12% ao ano.

Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, diz que hoje investir no exterior em busca de dividendos é uma vantagem, já que é uma forma de diversificar a renda. “Não adianta você ter 100% da sua receita e patrimônio em reais, porque, se o real se desvaloriza demais, você terá dificuldades de viajar, estudar fora do país, pagar uma viagem para os filhos, ou qualquer coisa do tipo”.

Vale a pena?

A tributação é apontada por especialistas entrevistados pelo CNN Brasil Business como a maior desvantagem em buscar dividendos no exterior, principalmente nos Estados Unidos.

No Brasil, a remuneração não é tributada, enquanto nos Estados Unidos é preciso pagar uma alíquota de 30% sobre os ganhos na fonte pagadora.

Também é necessário pagar um imposto sobre ganho de capital no exterior, que varia de acordo com uma tabela progressiva no Imposto de Renda no Brasil, explica Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset.

Fred Nobre, líder da área de análise da Warren, comentou ainda que, historicamente, as empresas norte-americanas têm um perfil de crescimento, ou seja, que passam anos sem pagar dividendos porque precisam reinvestir o valor para crescer e faturar mais. Diferentemente das companhias brasileiras, “boas pagadoras de dividendos”, pois, possuem um perfil mais estruturado.

Dessa forma, para ele, o Brasil ainda é mais atrativo para os investidores que procuram dividendos se comprado com os Estados Unidos.

Cesar Crivelli, sócio e analista da Nord Research, explica que, como o juro nos Estados Unidos é relativamente baixo se comparado com o Brasil, não há empresas que paguem 15% de dividend yield ( indicador que mede o rendimento de uma ação via pagamento de dividendos) ao ano. A média nos EUA é em torno de 3%, “empresas que se destacam pagam cerca de 5% anualmente”.

Tanto que existe uma lista chamada S&P 500 Dividend Aristocrats, que são hoje 65 empresas norte-americanas que aumentaram em alguma quantidade e consecutivamente o pagamento de dividendos nos últimos 25 anos.